Os antigos filósofos eram, ao mesmo tempo, artistas, historiadores, matemáticos, comunicadores, astrônomos, engenheiros. Por quê? Porque seu foco de aprendizagem e ensino eram as coisas da vida real pela observação da Natureza. Nelas, tudo está intrinsecamente misturado: não é possível olhar para um simples artefato, como uma colher, por exemplo, sem enxergar sua geometria, a física de sua construção, as propriedades químicas do líquido que carrega, a história de seu uso no mundo, sua geografia, suas utilidades objetivas no dia-a-dia. Tudo isso está ali, ao alcance de sua mão.
Como a sociedade ocidental ficou durante séculos oprimida pelo pensamento religioso dominante, sua libertação após o Iluminismo e as outras revoluções encontrou um passivo atrasado muito grande no campo das ideias, da criatividade. Com isso, a Ciência adquiriu um rápido desenvolvimento e aprofundamento e, por falta de tempo ou interesse, os campos de conhecimento foram se distanciamento, como se cada órgão do corpo só se preocupasse consigo próprio e, com isso, esse corpo perdesse a harmonia e caminhasse para seu ocaso.
Pois eu lhe digo, meu filho: o maior brilho do conhecimento humano está nas entrelinhas do pensamento cognitivo, nas conexões que existem entre os saberes, em sua relação de causalidade e em sua integralidade com o foco na vida que existe. Mas esse ensino que te deixo não é mais natural. É preciso que você se treine:
- Esforce-se por conectar as matérias que você estudar na hora em que estiver estudando;
- Foque-se em objetos da vida real e faça o exercício inverso: deles para o conhecimento teórico, buscando a harmonia das disciplinas neles, de forma natural. Veja matemática na música e história na queda de um fruto de uma árvore;
- Faça metáforas, exercite sua capacidade de fazer comparações;
- Escreva histórias, de preferência para crianças;
- Dê aula;
- Não despreze conhecimento, mas não aceite aquilo em que você não enxerga utilidade. Se você não vê finalidade em algo que vai estudar, reavalie se deve mesmo gastar o tempo naquilo.
Veja com os olhos de ver e a Ciência poderá, outra e outra vez, se desenvolver em seu cérebro, em seu coração e em sua alma, não conhecendo a especificidade para gerar mais burocracia científica, mas as conexões para enxergar no prazer de conhecer a beleza da Natureza, da vida.