À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


sexta-feira, 19 de maio de 2017

Fatos x interpretações

Meu filho amado, você se surpreenderá, de situações cotidianas, de notícias corriqueiras que você lê nos jornais ou até que você observa diretamente o quanto você jura serem fatos, trata como fatos, propaga como fatos mas que, na realidade, são cenários derivados de suas leituras, de sua experiência com ocorrências análogas, de seus sentimentos, até de seus preconceitos. São, no fim das contas, apenas a sua interpretação: jamais existiram na prática. O cérebro, em princípio, não separa as duas coisas, portanto, muito cuidado! Cuidado para não assumir visões como verdades, porque isso pode te levar a cometer profundas injustiças e a ferir pessoas corretas.


Como fazer, então? Em tudo na vida busque a consistência. Ela pode estar oculta, mas sempre existe. Nessa linha você terá mais chances de se aproximar dos fatos. Por exemplo: se alguém sempre foi ético, honesto, transparente, coerente, não possui ações que desabonem sua conduta, e aparece sobre essa pessoa um evento controverso qualquer, pare, analise, pondere, observe, pergunte, consulte. Certamente haverá aí nós fundamentais que você desconhece.

Te digo mais:
  • Veja a cena completa. Evite se ater a retalhos de situações. Quem reconhece um elefante pela cauda acredita ser uma cobra.
  • Não julgue sem ouvir diretamente todos os lados. Eu disse: diretamente.
  • Não propague nada sem conferir antes pessoalmente a veracidade do que vai dizer. A palavra lançada não pode mais ser recuperada.
  • Não dê razão a quem fala mais ou grita mais alto. O silêncio é, muitas vezes, exatamente a maneira de quem é decente preservar outras pessoas - não uma declaração de culpa.

O mundo, filho, tem muita facilidade em julgar. Viciou-se a tal ponto em falar de tudo irresponsavelmente que perdeu a linha divisória entre a realidade e a imaginação. E normalmente não se importa com isso. Você precisa buscar agir diferente.

Passe pela fumaça das alegações, das reclamações, das visões, e ache, no meio dela, as rochas que sustentam os fatos. O caminho não é fácil, mas não existe justiça nem honradez sem o emprego da prudência necessária, sem o tempo gasto em distinguir fatos e interpretações.

A verdade será sempre a verdade. Persiga-a.