Por que um general daria uma recomendação assim? Não é estranho que não quisesse arruinar e aniquilar o inimigo? Pense. Com essa estratégia, ele, ao mesmo tempo:
- Evitava mortes no seu exército, porque quem não tem outra opção, a saída é lutar até a morte.
- Não retirava uma vida humana podendo poupá-la, angariando simpatia pela fama de honradez.
- O inimigo que fugiu faria propaganda da derrota e da sua clemência, se tornando talvez seu maior divulgador, mesmo sem querer.
Uma vitória imediata se transforma, assim, numa conquista prolongada, mais efetiva, mais humana, mais digna. Se não pelo bem, pelo menos por inteligência o conselho deveria ser seguido.
Obviamente o antigo filósofo se referia às guerras corporais, físicas, de seu tempo, mas esse ensinamento serve também para todos os embates saudáveis, no campo das ideias e dos argumentos, que ocorrem na vida. É o que eu chamo de ética do debate. Siga, também, essa recomendação:
- Não humilhe seu adversário. A raiva que você depositar sobre ele, massacrando-o além do necessário, só terá por consequência fazê-lo se voltar contra você como única opção.
- Não leve a discussão além do limite da utilidade do assunto. O foco precisa ser na ideia e não na pessoa. O assunto esgotou? Encerre a discussão.
- Se vir que está errado, use a saída, reconhecendo o erro com dignidade e fazendo o possível para superá-lo. Há muito mais erro em manter-se errado sabendo-se errado do que admitir-se errado para estar certo no futuro.
- Observe o jogo de xadrez. O jogo termina quando o rei adversário fica sem saída. Mas ele não é retirado do tabuleiro como as outras peças. Mesmo que vença um embate, preserve a dignidade do rei.
As vozes dos sábios antigos nos trazem ensinamentos até hoje. Mas é preciso ter olhos de ver e ouvidos de ouvir.
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