À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Bancos


"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas
para as nossas liberdades do que exércitos permanentes.

Se o povo americano algum dia permitir que bancos
controlem a emissão de moeda, primeiro por inflação,
depois por deflação, esses bancos - e as corporações
 que inevitavelmente crescerão ao redor deles - irão despojar
 as pessoas de todas as suas propriedades até o ponto
em que seus filhos estarão completamente desabrigados."
(Thomas Jefferson, ex-presidente dos EUA, 1802)


Meu filho, da mesma forma que falei para você que nem todos os trabalhos são iguais em utilidade, também há grande diferença entre o grau de nobreza das instituições. Tome cuidado com os bancos: sua tendência natural é a da burocracia especulativa estéril com profunda destruição social.


No início, as trocas comerciais eram diretas, o chamado escambo - por exemplo: um plantava arroz e o outro criava porcos, quando precisavam, trocavam arroz por porcos.

Depois, estabeleceu-se a existência de moedas, cunhadas em metais preciosos (como prata, ouro e bronze), para servirem de intermediárias e, então, facilitar essa troca. Todo mundo reconhecia o valor dessas moedas porque era o valor do peso do próprio metal ("valor intrínseco").

No século XIII, a Ordem dos Cavaleiros Templários instituiu o primeiro sistema de papel-moeda internacional: para evitar que as pessoas transitassem até a Palestina com carga valiosa, com chance de serem roubadas, qualquer mosteiro templário fazia um depósito, dava um papel-moeda e a pessoa podia recuperar seu ouro ou prata em outro mosteiro.

De uma forma ou de outra, até o início do século XX, o mundo adotava papeis-moeda lastreados em bens de reconhecido valor, em especial de 1870 a 1930, utilizou-se mais vastamente o "padrão-ouro". Cada país tinha uma reserva em ouro que cobria o valor de face das moedas que emitia (em tese, qualquer pessoa poderia chegar no banco e dizer: "aqui está meu papel-moeda, quero o ouro equivalente a ele").

Em 1930, os EUA criam o Banco Central porque não havia mais ouro disponível no mundo e eles queriam aumentar a oferta de crédito sem correspondente físico de valor equivalente. A partir desse momento, o valor de face dos papeis-moeda passou a ser inacreditavelmente superior ao das reservas reais. Não havia mais lastro, tudo passou a ser baseado em confiança pura e simples. Com isso, como mágica, tornou-se possível "criar" valor (falso) e bolhas baseadas em lucro fácil.

Os bancos são os agentes centrais dessa farsa econômica que privilegia hoje a especulação e a inutilidade em detrimento do trabalho, da produção, da realização:
  • Como os preços dos bens também não são mais referenciados na realidade, você precisa de crédito para comprar mesmo o necessário e quem o fornece, com taxas abusivas de juros, são os bancos.
  • Os governos são obrigados pelo mercado, controlado pelos bancos através de grandes conglomerados, a emitir títulos da dívida pública para ter papel-moeda e pagar altos juros por eles. O dinheiro que cobre os juros é o dos impostos, ou seja, do trabalho. Na realidade, os impostos são, então, o financiamento compulsório que a população faz aos bancos e o governo é apenas o intermediário.
  • Os bancos financiam os políticos, que elaboram/votam políticas públicas de alto imposto / altos juros, que faz com que o dinheiro do trabalho seja direcionado de volta aos bancos e garantem a continuidade de todo o processo.

Você me perguntará: como, então, fugir dos tentáculos desses parasitas? Dificilmente será possível uma independência completa de sua complexa cadeia de controle, porque eles estão infiltrados em todos os níveis, mas posso sugerir:
  • Jamais, jamais, nunca confie em um banco. Se for firmar algum contrato com eles, leia tudo o que está escrito, questione, não assine em caso de dúvidas.
  • Por mais que o mercado especulativo de capitais seduza com ganhos fáceis, nunca esqueça de que ali o que você negocia é etéreo e estéril. Você não está proibido de investir seu dinheiro dentro das regras vigentes da economia, mas não esqueça de dar a ele, sempre que possível, uma realização palpável, em especial gerando empregos ou oportunidades. Seu investimento, em nível pessoal, também precisa ter lastro.
  • Não contraia dívidas. Elas são o ar que o banco respira.
  • Eleja políticos que tenham claro compromisso de redução da dívida pública e dos juros e que não revertam o dinheiro em consumo, mas em infraestrutura e qualidade de vida.
  • Recorra à Justiça imediatamente frente a uma cobrança com juros extorsivos.
  • Valorize o pequeno produtor, o microcrédito com cooperativas e o consumo local.
  • Evite o desperdício. É no consumismo desenfreado que está a joia dos bancos.
  • Estimule a economia colaborativa no mundo real e no mundo virtual, com trocas diretas e cadeias de consumo justas ("fair trade").
  • Não perca de vista o impacto socioambiental de toda atitude que tenha. A falta desse referencial dá a ilusão de que o crescimento a qualquer custo é possível e viável - e não é.

Thomas Jefferson foi absolutamente cirúrgico na sua fala. O que ele previa aconteceu. É hora de ir retirando dos bancos o poder de sequestrar e acabar com o mundo, como têm feito, tanto no campo ideológico quanto no prático. É também trabalho seu.

Por fim, valorize o trabalho e não o dinheiro. As duas coisas, por força dos bancos, não andam mais juntas. Una-as em suas ações.

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