À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


sábado, 9 de abril de 2016

Oportunidades

Filho, há um provérbio chinês que diz: "Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida". Mas será que isso significa que você deve agarrar sempre todas as chances que aparecerem? O que é uma oportunidade e o que não é? O que é apenas distração? O que precisa de sua atenção de fato?


Começo apresentando a você o conceito de custo da oportunidade: sempre que se escolhe um caminho A, se deixa de escolher o B. E isso tem um custo: o custo de não ter escolhido o B. Por exemplo: você decide estudar determinado assunto que te interessa, fazendo uma especialização em uma boa instituição que está com condições favoráveis naquele instante. Com isso, você deixará de descansar do trabalho, possivelmente perderá chances de encontrar com amigos, diminuirá seu tempo com a família. É uma oportunidade, mas tem um custo. A pergunta é: você está consciente desse custo? O pior dos mundos é se você não enxerga o custo da oportunidade: aí você está cego. Saber o que se perde quando se opta por um caminho é essencial para ter firmeza na decisão.

Além desse primeiro conselho, deixo outras reflexões a você sobre o assunto:
  • A não-escolha também é uma escolha e, por isso mesmo, tem um custo. Adiar a solução de um problema só é um bom caminho se te trouxer elementos novos (reflexão, discussão, conjuntura diferente, etc.). Isso é sabedoria. Apenas fingir que algo não existe normalmente não é conveniente. Isso é covardia.
  • O tamanho da oportunidade deve ser o mesmo da sua precaução. Desconfie de grandes sortes que batam à sua porta disfarçadas de oportunidades. Normalmente elas não resistem a um exame aprofundado. Adie seu julgamento, se puder.
  • Olhe seu coração, ouça sua intuição, mas não siga se sua cabeça não aprovar. Você é um ser complexo e suas conclusões às vezes extrapolam o racional. Por isso, seja aberto e sincero com seus sentimentos e não despreze seus sonhos, suas vozes interiores, seus insights. Mas sua razão deve ter o poder de veto, caso ela sinalize de forma claramente negativa.
  • Planeje-se. As oportunidades só se tornam reais (e às vezes só aparecem ou são vistas) para quem está preparado. Projete sua vida em termos de seus anseios de curto, médio e longo prazos, nos campos que forem importantes (familiar, profissional, pessoal, intelectual, emocional, espiritual, etc.).
  • Prospecte oportunidades. Não espere que as oportunidades batam à sua porta, de forma clara e límpida. Pelo contrário, normalmente elas se escondem nas sutilezas do dia-a-dia, exatamente para fugir dos aventureiros. Não seja obcecado nem neurótico querendo ver em tudo chances que não podem ser perdidas. Não. Mas tenha olhos de ver, com calma e sensibilidade, aquelas que dançam timidamente aos seus olhos.
  • Analise risco e recompensa. Toda oportunidade apresenta riscos e recompensas. Mapeie os dois. Projete um cenário otimista e um pessimista e veja se, mesmo assim, é algo que você aceita abraçar. Normalmente as maiores recompensas estão junto com os grandes riscos.
  • Se você tentou, não se culpe pelos erros. O tempo que você usa se culpando é o tempo que a outra oportunidade, às vezes melhor, passa por você, que está com os olhos cheios de lágrimas. Para cada acerto, você terá dezenas de erros. Nada há de errado nisso. Prossiga com honestidade e cabeça erguida - quem sai com humildade de um erro entra com altivez num acerto.

Por fim, meu filho, entenda que a oportunidade nunca pode passar por cima de seus valores, de seus princípios. Ela não pode humilhar, diminuir, trapacear. Caso alguém te ofereça alguma vantagem cujo custo seja sua "alma", tenha a dignidade de não aceitar. Isso não é uma oportunidade: é uma armadilha.

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