À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


domingo, 1 de outubro de 2017

Jesus

Filho querido, vivendo em uma sociedade ocidental, você certamente ouvirá falar de Jesus. Não se deixe enganar pelos misticismos fáceis.

"Prince of peace", pintura de Akiane Kramarik com 8 anos (link)

Este homem, um carpinteiro (seria o equivalente a um mestre de obras hoje), nasceu em uma sociedade totalmente corrompida, dominada por um poder político opressor por um lado e por líderes religiosos vazios de outro. Ao contrário de muitos outros que lideraram levantes armados, ele optou pelo caminho da educação consciencial, do confronto de ideias, da coragem.

Andava com os excluídos sem julgá-los, condenava abertamente a violência física e ideológica, se cercava de pessoas simples mas com vontade de trabalho, era absolutamente assertivo numa comunidade acostumada com as exterioridades hipócritas da religião de teatro e vivia a simplicidade que pregava.

Em mais de 2.000 anos, o mundo só mudou em coisas externas. Nas batalhas interiores pelo autoconhecimento, ainda não somos diferentes das agremiações daquela época. Por isso, é importante perguntar: onde estaria ele hoje?

Nos quartos e carros confortáveis dos que dizem representá-lo? Nas construções suntuosas levantadas em sua homenagem? Nas estátuas de ouro onde dizem ter esculpido sua figura? Nas guerras levadas a cabo em seu nome? Ao lado das armas que ele próprio instruiu a guardar? No discurso fácil do conservadorismo? Da "boa família" pasteurizada? Pela proibição?

Ou ...

Com as pessoas que ainda enfrentam a fome, excluídas e esquecidas pela ganância? Quebrando, como fez, as riquezas preciosas incontáveis e inúteis em tantos corredores feitos para ele? Com as mulheres obrigadas a se prostituir para alimentar seus filhos? Nas paradas gay, lutando por respeito? Na economia colaborativa e igualitária? Ao lado dos defensores do meio ambiente? Pelo amor?

Quando ouvir falar desse personagem, meu filho, não se esqueça de quem ele foi. Retire de sua mente o que tentam fazer dele apenas em benefício próprio, tentando, com isso manter seu poder sobre o povo e subjugá-lo: um covarde insensível místico, um mágico europeu.

Leia sobre ele, e se quiser honrar sua história, entenda-o como um dos maiores revolucionários de todos os tempos - um homem do povo que inspirava a todos. E siga seus exemplos na defesa do que é justo, da humildade, da honestidade, da objetividade, da liberdade.

Talvez o Cristo esteja em algum lugar bem longe dos cristãos. Procure-o onde ele estaria e não onde dizem que ele está.

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