Abaixo deixo um lindo poema de Olavo Bilac, o maior representante do Parnasianismo no Brasil, intitulado "Ouvir estrelas", com métrica rígida e versos hendecassílabos (com 11 sílabas poéticas, que são diferentes das sílabas contadas normalmente).
Quem faz os versos se preocupa com quem ouve, não com quem lê - esse é o segredo! Assim, por exemplo, a última sílaba do verso é desconsiderada e tudo o que se lê junto é contado como uma sílaba só. Isso se pode chamar orientação ao resultado, já que a poesia é para ser recitada e ouvida e precisa ser agradável ao ouvido e não necessariamente aos olhos.
Por vezes, filho, faz-se na vida o oposto:
- Não se conhece o cliente final do trabalho e nem se sabe o que é importante a ele. Então, no afã por executar, na pressa por fazer, esquece-se de observar, planejar, entender. O resultado? Um poema sem métrica quando a ideia era tê-la.
- Por medir-se errado, o produto é desagradável. Saber o que medir e como medir é essencial para atingir um objetivo lúcido.
- Não se une coisas similares e contíguas por simplicidade, duplicando trabalho desnecessariamente. Com isso, cria-se a interrupção do processo apenas para satisfazer o processo, com perda ao resultado final. "E - eu - vos - di - rei: 'A - mai - pa - ren - ten - dê'" é como se "lê" poeticamente o primeiro verso da última estrofe. "Piramidando" ideias existentes surgirão outras novas, mais eficientes, mais coerentes, mais envolventes.
- Gasta-se esforço e tempo nas "últimas sílabas" das coisas, que nem tônicas são. Pior ainda: se as contarmos, estamos piorando o nosso resultado. O mesmo verso acima ilustra também este ponto. Não perca o seu tempo com discussões inúteis ou de aplicação duvidosa.
Aprenda com os poetas, meu filho. Se quiser que o poema do seu trabalho seja agradável e útil, é necessário encará-lo como uma poesia parnasiana, com conteúdo, rimas ricas e métrica correta.
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