À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


sábado, 7 de novembro de 2015

Modelos mentais

Filho, uma das coisas mais interessantes sobre o ser humano é sua capacidade de criar padrões e imagens. Na quase totalidade das vezes, usa esses padrões formados para raciocinar e até inferir resultados futuros, o que pode ser útil em alguns casos ou perigoso em outros.


Diz-se que quando os portugueses chegaram na invasão do Brasil, em 1500, os índios demoraram alguns dias para enxergarem as caravelas, que estavam ancoradas. Embora seus olhos vissem a imagem, seu cérebro rejeitava a informação porque não tinha comparação com nada que já havia registrado, ou seja, como a realidade extrapolava seus padrões, foi necessário tempo até que a mente aceitasse a novidade. Isso acontece porque desenvolvemos os chamados "modelos mentais".

É claro que isso é muito útil quando precisamos de uma resposta rápida, baseada na experiência, de entendimento ágil e ação imediata. Grande parte das necessidades cotidianas de um ser humano normal depende de um bom modelo mental. Mas há riscos sobre os quais eu preciso te alertar:
  • As pessoas têm modelos mentais (às vezes muito) distintos. Quando detectar uma diferença grande nas experiências ou nas formas de pensar, tenha certeza de que o que você disse foi entendido e que você entendeu o que os outros disseram.
  • A não ser que você esteja lidando com uma formalidade jurídica, importa mais o que as pessoas quiseram dizer do que o que elas disseram. Busque sempre as ideias, o significado por trás das palavras e você terá muito mais chance de sucesso na sua comunicação.
  • Fale sobre algum assunto para uma criança de 10 anos (com modelo mental muito menos contaminado) e peça para ela depois te dizer de volta o que você falou. Se for discrepante demais, sua chance de ser entendido por um público heterogêneo é pequena.
  • Tenha empatia. Procure entender o mundo pelos olhos do outro. Para isso, é preciso que você se dispa do seu modelo e tente pensar com a cabeça alheia. É um exercício, mas é viciante.
  • Os inovadores têm um traço comum: todos eles fogem do modelo mental na hora de inovar. Grandes ideias sempre têm um componente não óbvio em seu desenvolvimento. Ou seja: deixe as paredes do seu modelo mental retráteis e as retraia quando precisar da caixa aberta.
  • O progresso do pensamento depende de seu modelo mental estar aberto à evolução. Lembre-se de sempre questioná-lo. Comece pelo que você acha que é verdade absoluta. Coloque os seus dogmas em cheque o tempo todo, por mais que doa e dê a sensação de falta de chão.

Em suma, tenha coragem de olhar o mundo diferente sempre que for preciso ou por mero exercício. O passado pode guiar, mas do futuro não amarrado por ele também surgem ideias espetaculares.

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