À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Autoconhecimento

Filho, o grande filósofo Sócrates ficou conhecido, entre outras coisas, pela frase: "Conhece-te a ti mesmo", que ele pegou da inscrição que está na entrada do oráculo de Delfos: "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo". Foram muitos os pensadores antigos e modernos que falaram do assunto. Mas que força interior poderosa é essa que só o autoconhecimento traz?



Esse empoderamento pode ser visto em uma frase atribuída a Madre Teresa de Calcutá: "Nem as críticas nem os elogios me afetam, porque eu sei quem eu sou". O conhecimento real de si mesmo fornece ao mesmo tempo um caminho seguro de autodesenvolvimento que gera realização interior e uma robustez inigualável aos abalos do mundo. Mas como, de fato, se conhecer? Como fazer?

Na década de 1960, dois psicólogos sintetizaram os níveis de conhecimento próprio em quatro setores (se lembra? quase tudo assim usa o número 4), no que ficou conhecido como Janela de Johari.
  • Existe uma parte de nós que nós conhecemos e os outros também. É chamado de "eu aberto". Nada há ali de oculto, portanto não é objeto de nossa conversa de hoje.
  • O "eu cego" é a parte que os outros conhecem de nós, mas nós não. Não existe outra forma de começar a sondá-la senão perguntar sinceramente a quem você confia sobre suas atitudes, sobre suas impressões sobre você. E ter maturidade para ouvir, agradecer e processar a informação sem julgar ou ser reativo - senão nunca mais a pessoa te dará o feedback honesto.
  • Há também o oposto: um setor do nosso "eu" que nós conhecemos, mas os outros não. É onde estão os nossos segredos (vou falar de segredos para você): o "eu secreto". Embora às vezes seja importante não se mostrar totalmente a todos, por reserva e autoproteção, busque diminuir essa área, sendo mais autêntico, mais claro, no que achar que é possível. Se for para manter uma área oculta, que seja por uma razão justa e que isso não te cause mal interno. Faça sempre essa avaliação.
  • Por fim, há o "eu desconhecido", que nem nós nem os outros conhecem. Mas que existe e nos influencia muito. Para acessá-lo e vê-lo, pouco a pouco, o melhor caminho é a meditação. Pode ser uma reflexão rápida ao final do dia com base nas próprias atitudes, principalmente as de impulso, pode ser um processo de meditação guiado por alguma técnica. Não importa. O "eu desconhecido" por vezes nos guia e nos domina, e nos traz inquietação. Lançar luz sobre ele é o suficiente para fazê-lo minguar. Seja honesto consigo mesmo quando descobrir em si, nessa área, alguma falha, mesmo grave. Olhe-a nos olhos e dialogue com ela constantemente.

Não há outro caminho, meu filho. O do autoconhecimento é trabalhoso, às vezes doloroso, mas recompensador. Mais do que experimentá-lo, pratique-o regularmente. A felicidade de se conhecer é a mesma de se libertar. Nós o ajudaremos.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A trindade do sucesso corporativo

Meu filho, certa vez entrei na sala de um bom chefe que tive e vi pregados em seu quadro três pequenos papeis: PESSOAS DIFERENTES, PROPÓSITO COMUM, CONVERSA FRANCA. Aquelas três expressões simples seriam fundamentais para eu entender o caminho do sucesso de qualquer coletividade.


A combinação dessa tríade me lembrou o Triângulo de Penrose, representado de forma muito interessante com Lego na figura acima. Um princípio leva a, sustenta e, ao mesmo tempo, é suportado por outro, de forma que só seu conjunto completo, com suas interações infinitas, tem significado. Outro símbolo possível é o do tripé: retira-se uma das bases e tudo despenca.

PESSOAS DIFERENTES

A multiplicidade de pontos de vista é o que enriquece uma análise e pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Na Biologia, Charles Darwin descobriu que as espécies só sobrevivem porque se adaptam e só se adaptam porque há nelas variabilidade genética suficiente para criar gerações mais capazes de viver em ambientes que se alteram. Com o ser humano ocorre o mesmo: uma organização precisa ter um repositório de pensamentos distintos em seus quadros para conseguir se movimentar no tempo (adaptação à modernidade) e no espaço (adaptação a outras culturas, países, leis).

Valorize, portanto, a diversidade. Por mais difícil que seja lidar com o que pensa diferente de você, aí está o passaporte para a sobrevivência dos grupos - e da própria raça humana.

PROPÓSITO COMUM

É fundamental que, independente de temperamentos, pontos de vista, formas de trabalho, a equipe tenha um objetivo único para todos. Isso garante que os esforços serão somados construtiva e não destrutivamente. Por mais tentador que pareça e urgente que seja um problema, jamais parta para a ação sem antes alinhar o propósito comum com todos. É como um barco: todos precisam se voltar para o mesmo lado e ao mesmo tempo, mesmo que um reme com a mão, outro com uma pá e um terceiro desça na água e bata os pés - o que não dá é para um empurrar para frente e outro para trás.

E mesmo que as metas estejam claras para você, certifique-se de que estão claras para todos. Repetidamente. Às vezes todos concordariam com o propósito comum ... se o entendessem.

CONVERSA FRANCA

Essa última providência leva à necessidade de boa comunicação. A comunicação é um processo que envolve: um transmissor, um meio e um receptor. Qualquer um dos três pode ter problemas. Cheque se as mensagens importantes foram assimiladas. Uma técnica boa é, numa conversa, pedir para que a pessoa te diga o que entendeu de determinado ponto com as palavras dela ou, para não ser explícito, pedir para que ela te dê ideias de como viabilizar aquele ponto.

Importante: isso precisa ser feito, filho, de forma transparente, sem subterfúgios, sem intermediários. De preferência olho no olho, um por um. Se não for possível, com espaço livre em reuniões sem julgamentos. Ninguém falará a verdade com você se não confiar na sua boa fé e capacidade de lidar com ela. Falar e ouvir de forma franca é respeitar o outro, a organização e a si mesmo.

Esse gestor me disse, na ocasião, que essa era a fórmula presente, segundo pesquisas, em todas as empresas de sucesso. Repasso a você o aprendizado que ele me apresentou. Faça dele bom uso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Maçonaria

Meu filho, com esta idade você certamente já terá ouvido sobre e, talvez, tenha sido convidado a ingressar na Maçonaria. Quero que você conheça minhas reflexões sobre o assunto para que reflita na hora de tomar qualquer decisão. Este texto ficou um pouquinho mais longo que os outros.


O mundo sempre teve seus segredos. O conhecimento disponível à população em geral sempre foi - e continua sendo - bem distante do que circula entre os mais esclarecidos. Com o objetivo de criar ambientes seguros para debater essas ideias mais elaboradas, complexas ou impactantes com seus iguais foram criadas as chamadas sociedades iniciáticas, secretas ou discretas. Nelas, via de regra, o candidato é submetido a um processo de indicação, análise, aprovação e, depois, de iniciação e, então, já iniciado, começa uma carreira de aquisição paulatina dos conhecimentos ocultos, orientado pelos mais experientes. A fórmula é sempre a mesma, desde as primeiras civilizações.

Uma dessas organizações discretas, de expressão mundial, é a Maçonaria. Com sede em Londres, foi forjada sobre o "sindicado dos construtores" dos templos antigos, que detinham os conhecimentos (na época ocultos, já que misturavam elementos místicos e matemáticos) de Engenharia e Arquitetura. Era a Maçonaria Operativa. Com o advento do Iluminismo, no século XVIII, na Europa, e a popularização das ciências, ela manteve os instrumentos dos pedreiros, mas agora metamorfoseados para serem aplicados, metaforicamente, na construção íntima do caráter reto, da justiça e do bem estar social. São os símbolos maçônicos, dos quais o mais conhecido é o esquadro e o compasso com um "G" no meio, que peguei como exemplo aí acima.

O esquadro simboliza a retidão de caráter em planos ortogonais - terreno e o transcendente; o compasso representa o equilíbrio, a justiça, a ponderação. O maçom (mason em inglês é "pedreiro") deve buscar se manter e caminhar no espaço entre eles (azul, na figura), guiado por uma força maior em que ele tem que acreditar (seja sob que forma for), representada pelo "G": "Grande Geômetra" ou "Grande Arquiteto do Universo", ou simplesmente "God" (Deus).

A Maçonaria protagonizou diversos episódios importantes da História, como a Revolução Gloriosa, a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos, e, no Brasil, a Independência, a Abolição da Escravatura, a Proclamação da República e a Inconfidência Mineira. Todas as iniciativas maçônicas visam a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Em sociedades em que funcionam as instituições democráticas, a Maçonaria mantém papel de viabilizar o debate de ideias, sem influência direta para não se tornar um "poder paralelo" de um sistema que ela própria defende.

Começo dizendo que uma expressiva parte das pessoas mais corretas que conheço e conheci na vida são maçons (o que não significa que não haja os maus maçons, corruptos, mentirosos e aproveitadores, como em todo lugar). Os princípios maçônicos são, incontestavelmente, um guia muito bom para o crescimento do ser humano, das sociedades e da humanidade, pregando moralidade e igualdade, valorizando a família e a liberdade e incentivando a fraternidade e a filantropia. Seus símbolos são altamente representativos e profundos, mostrando um caminho para que nos tornemos melhores, individual e coletivamente.

Você crescerá cercado de dezenas de maçons, entre familiares e amigos. Seus ascendentes, até onde conheço a história de nossa família, todos eram maçons. Menos seu pai. Mas por quê? Por que não aceitei até hoje os convites, se nutro pela Maçonaria e pelos maçons tanto apreço, reconhecimento, identificação e amizade? Por uma mera questão de discordância de métodos da instituição que se chocam com valores meus que julgo basilares. Explico logo a seguir quais são.
  • Só podem ingressar homens. Às mulheres sempre foi negado o acesso à educação, ao mercado de trabalho (e depois à equiparação salarial), ao voto. A sociedade ocidental é eminentemente machista e foi constituída sobre o princípio do patriarcado. Essa restrição estaria em perfeita sintonia com o pensamento coletivo há cinquenta anos atrás, não hoje. Não há qualquer evidência de que uma mulher não possua os requisitos necessários a ser uma maçom simplesmente por ser mulher. A entrada de mulheres tem dois inconvenientes práticos alegados: mistura de gêneros pode causar dissensão entre os membros e as mulheres têm dificuldades em guardar segredos. Será que, de fato, há aqui fundamento ou, à luz dos valores sociais atuais, preconceito? Há maçonarias ("potências") que admitem mulheres, mas não são oficialmente reconhecidas.
  • (Em grande parte) Não podem ingressar deficientes físicos. Isto está mudando em países mais desenvolvidos (em especial EUA e Inglaterra), mas ainda é regra na América Latina, por causa de antigas regras maçônicas chamadas de landmarks de Mackey. Os rituais de iniciação e os rituais maçônicos nas Lojas não são, em princípio, adaptados para pessoas com deficiência. A Grande Loja da Escócia, por exemplo, já tem rituais específicos em braille e Lojas adaptadas especialmente para cadeirantes. Aí vem a pergunta: é o rabo que abana o cachorro ou o cachorro que abana o rabo? O ritual não deve ser a representação simbólica de um princípio ou ele está sendo considerado o princípio em si? Não é possível adaptá-lo aos tempos de maior igualdade, princípio defendido como base pela própria Maçonaria?
  • (Em grande parte) Não podem ingressar homossexuais. É um tema controverso, que não está explícito nos landmarks, apenas por interpretação. E também está mudando em algumas Lojas ao redor do mundo. Mas ainda o mais comum é negar o ingresso ao candidato gay, seja porque ele alegadamente não se encaixa na definição estrita de candidato do sexo masculino no sentido completo (físico e emocional), seja porque a noção de família ainda é a herdada das tradições antigas e a família homoafetiva não é reconhecida. Mas será que o candidato homossexual é menos livre, tem reputação menos ilibada ou acredita menos em um Ser Supremo (requisitos básicos para o ingresso) do que um candidato heterossexual?

Seriam, então, os maçons preconceituosos? É controverso, mas, pela minha experiência, por incrível que possa parecer, não. Na sociedade civil, chamada "profana", a Maçonaria via de regra apoia toda luta pela igualdade das mulheres, pelos direitos das pessoas com deficiência e das minorias em geral. O debate maçônico tem viabilizado conquistas importantes a todos esses grupos. Parece ser mais uma questão de tradição do que propriamente uma convicção, mais da instituição do que de seus membros.

A Maçonaria, como toda organização antiga, grande e de princípios padronizados, pelo engessamento e imobilismo (talvez tradição em excesso), se tornou, algumas vezes, vítima de si mesma. De vanguardista, progressista e transformadora, como os construtores dos templos, os artistas, os iluministas, os revolucionários, começou a, nesses quesitos, caminhar a reboque da própria lei geral, o que é um contrassenso com sua própria razão de existir. Seria de se esperar que sua legislação interna caminhasse à frente da externa e não o oposto.

Acredito firmemente, meu filho, que a essência vibrante, iluminante e inspiradora dos princípios maçônicos e o ativismo de coração dos maçons por um mundo melhor revertam essas situações discriminatórias rapidamente, fazendo com que a Maçonaria, da iniciação à passagem ao "Grande Oriente" (a morte), permaneça sendo, em discurso e também em exemplo, a poderosa alavanca impulsionadora das mudanças da legislação, da inclusão e do bem social que tem sido historicamente.

Enquanto esse encontro consigo mesma não se completar, eu faço a opção por, com todo o respeito às luzes que dali emanam, permanecer como "profano", fiel aos seus princípios de bem mas sem tomar parte na operacionalização deles, que julgo atrasada em relação às conquistas da sociedade moderna.

Quanto à sua decisão, ela será pessoal, íntima. Se se tornar maçom, não se esqueça de, de lá de dentro, lutar, também na "própria carne", pelos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, forçando, pelo debate construtivo, a busca constante da coerência integral - único caminho para o fortalecimento real da instituição.

E, como dizem os maçons, que o G.'.A.'.D.'.U.'. (Grande Arquiteto do Universo) lhe dê sabedoria para essa escolha.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Truculência

Filho, você perceberá que há pessoas de todos os tipos. Nos relacionamentos, as diferenças de temperamentos, de cultura, de educação, de princípios éticos e de inteligência emocional ficam evidentes. Hoje quero falar contigo sobre a truculência: um ato de grosseria ou até de violência verbal que, infelizmente, se tornou comum em alguns lugares no nosso país.


O poder não cai bem para qualquer pessoa - arrisco dizer, aliás, que são poucos os que estão preparados para exercê-lo. Isso é especialmente verdade em uma sociedade imatura e historicamente explorada, como a brasileira. Nasce daí a conhecida "síndrome do pequeno poder" ou "síndrome do colete": é comum que alguém que adquira qualquer posição de mando, por mais simples e inexpressiva que seja, se invista de uma empáfia inacreditável. Às vezes o síndico de um prédio ou o responsável pelo estacionamento de carros em um show se acha muito mais poderoso do que o presidente de um país. Isso levou o ex-presidente estadunidense Abraham Lincoln a enunciar sua famosa frase: "Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder".

A baixa preparação intelectual e emocional para comandar misturada à sensibilidade exacerbada dos povos latinos cria a atmosfera perigosa que explode com a faísca da falta de caráter incubada. Aí nasce a truculência, que assedia, que humilha, que constrange.

Além dos seus efeitos psicológicos profundos, com reflexos na produtividade da própria organização com chefe truculento, é também uma atitude eminentemente inútil em termos de resultados. As pessoas podem até produzir mais num espaço de tempo muito curto sob pressão desse tipo, em que o respeito é substituído pelo medo. Dá, assim, ao grosseiro a aparência de um gestor eficiente pelos impactos de curto prazo. Mas a queda que se segue é muito pior e mais duradoura. Desmotivação, perda da liderança real, fofocas, motins, aumento de licenças médicas a até de processos judiciais por assédio moral são sintomas certeiros que farão com que o saldo seja muito negativo.
 
Meu filho, esteja certo: a truculência é a máscara da incompetência. Quem a utiliza sempre tem algo a esconder: seja seu despreparo, sua fragilidade ou sua desumanidade. Se você tiver um chefe truculento, fale pouco e, se puder, o tire ou, em último caso, saia de onde está. O preço que se paga pela verborragia imbecil é alto - não há dinheiro que chegue.

Se você for chefe de alguém, entenda que é possível aliar gentileza e firmeza e essa combinação se torna eficiência humanizada. Mas gasta tempo. É preciso investir em conversas francas, em respeito, em escuta, em planejamento participativo, em comprometimento, para transformar "1+1" em algo maior do que "2". É a gestão moderna, eficaz e inteligente, mas que ainda está distante de nossa realidade no Brasil, mas deve começar por pessoas conscientes como você deve ser. Bom trabalho!

domingo, 10 de janeiro de 2016

O número 4

Filho, alguns números são importantes no entendimento de funções humanas. Nada há nisso de místico, mas de uma forma de contar e dividir os conceitos. Um deles é o número 4 - quatro, sobre o que irei falar para você hoje.


A primeira pergunta é: por que quatro, não três ou cinco? Existem duas explicações importantes:
  1. A representação geométrica do número 4 é o quadrado ou a cruz. A cruz é forma bidimensional mais simples de se categorizar as coisas: lado esquerdo/direto e em cima/embaixo. A imensa maioria de todas as teorias, inclusive corporativas, se baseiam em quatro quadrantes, quatro letras ou quatro movimentos para facilitar a visualização.
  2. Foi verificado que, em média, o cérebro humano só guarda quatro informações no nível consciente. Quando uma quinta informação entra, o cérebro joga uma das anteriores (que ele considera menos relevante) para o subconsciente. Por isso, alguns professores (me incluo aqui) resumem suas aulas sempre em quatro ideias centrais, para facilitar a formação da memória.

Por se tratar, portanto, de um número que facilita a visualização e a memorização, é um número naturalmente ligado à cognição e ao aprendizado e que dá a ideia de, respectivamente, harmonia e completude. Hoje sabemos disso pela neurociência, mas já tínhamos disso ideia, de forma intuitiva.

FENÔMENOS NATURAIS

Para corroborar com o pensamento de completude e de equilíbrio, os principais fenômenos de observação são regidos pelo número 4:
  • As quatro fases da Lua, que determinam as marés, e, dessa forma, cheias e vazantes.
  • As quatro estações do ano, que determinam os períodos de plantio e colheita.
  • Os quatro membros (braços e pernas) nos seres humanos e as quatro patas nos animais.

OS QUATRO ELEMENTOS

No século IV a.C. (esse "4" foi coincidência) o filósofo grego Empédocles ficou conhecido por uma teoria que atribuía à origem e ao funcionamento da matéria quatro elementos primordiais: ar, água, terra e fogo. Aristóteles, depois, desenvolveu essa teoria e ligou a cada um desses elementos uma força psíquica ou psicológica, ligando-os aos seres humanos. Hipócrates aplicou esse princípio à medicina grega, no que chamou de "quatro humores" dos homens (vou falar para você mais tarde sobre os temperamentos e voltaremos a este assunto).

Modernamente, a Ciência continua utilizando os quatro elementos de Aristóteles com outros nomes. A cada um deles é atribuído um estado da matéria.
  • Terra = Sólido
  • Água = Líquido
  • Ar = Gasoso
  • Fogo = Plasma

Por trás de toda simbologia antiga existe uma sabedoria. Sem se deixar levar pelo misticismo, não abra mão de estudá-la em seus fundamentos. Os ensinamentos às vezes estão escondidos ali. Talvez na forma de números. No fim das contas, não estava o velho filósofo há quase 2.500 anos atrás certo?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Educação: modelo de ensino

Filho, nós escolheremos para você o melhor caminho que conseguirmos para sua educação. Ele será sempre um equilíbrio entre iniciativa e conteúdo e jamais se distanciará de uma formação integral, que o respeite como ser complexo que você é, nas suas dimensões racional, emocional e, por falta de palavra melhor, espiritual. Para nós, a boa educação deve ser a base para prepará-lo para ser, no futuro, quem você quiser ser.


O ensino tradicional em nosso país é basicamente conteudista. Ele se baseia na premissa de que a quantidade e a diversidade de conteúdos intelectuais aprendidos e cobrados é sinônimo de boa educação. O aluno é o ser "sem luz" (a + lumni) ou "quadro branco" (tabula rasa) que é "preenchido" pela ação do professor. O professor é que ensina.

Outra abordagem mais moderna, chamada genericamente de construtivista, parte de outro princípio: que o conhecimento se constrói com o aproveitamento das potências do aluno e a partir delas. Seu foco é a iniciativa e a criatividade. O aluno é a massa bruta que precisa ser manipulada com habilidade pelo professor. O aluno é que aprende.

(Isso sem falar nos abutres da educação, os aproveitadores que não possuem nem princípios nem alma. Veem nela apenas um negócio que gera lucro e seu compromisso é apenas o do adestramento padronizado e massacrante para supostamente passar em determinadas provas: nem conhecimento, nem iniciativa, nem cultura, nem socialização, nem crescimento os interessam. Fazem um desserviço profundo para os estudantes e para a sociedade, mas, outra vez, isso não lhes incomoda. Os alunos são simples fontes de dinheiro e os professores trabalhadores escravos - eles não precisam de bons professores. Nós jamais o colocaremos em uma instituição assim. São o excremento da educação).

Nós buscaremos com você os equilíbrios que fujam dos extremos:
  • Fixação dos conteúdos pela aplicação em vivências práticas
  • Foco no estudo mas com criatividade de método
  • Atividades que estimulem sua visão lúdica da vida (música, teatro, etc.)
  • Algum tempo livre seu: para você fazer o que quiser (ou não fazer nada)
  • Técnica de escrita mas espaço para livre argumentação
  • Conteúdos regulados com cultura geral, de preferência vivencial
  • Contato social constante com realidades diferentes da sua
  • Reflexões constantes sobre o sentido maior da vida, da existência, da morte

E seja sua escola de cunho mais conteudista ou mais construtivista, nós equilibraremos a balança sem perder o objetivo maior de vista: sua realização como ser humano, sua felicidade.