Quarta-feira, 6 de dezembro. Algumas situações desnecessárias me trazem certa tristeza, cansaço, decepção. Mas é dia de ficar contigo, dia de alegria, de nossa cumplicidade, de nossa construção.
Madrugada de 6 para 7 de dezembro. 3 horas da manhã. Você me acorda, sobe na minha cama, deita do meu lado, me abraça e, quase como se fosse uma desculpa para estar ali, me pede para te contar uma história. E lá se vão 3 histórias até que, exausto, você volta a adormecer.
Quinta-feira, 7 de dezembro. Você acorda feliz, brincamos, nos arrumamos e vamos para a creche de carro. Você me pede para "dirigir", mas, ao contrário do normal, me pede ajuda a toda hora, como para me manter ao alcance.
Desço do carro contigo, o pátio da escolinha já está cheio de amigos. Já havíamos nos despedido - abraço, beijo e "nhem nhem nhem". Você, sempre alegre, se desgarra da minha mão e vai brincar.
Cumprimento as professoras e auxiliares. Me viro para ir embora. "Papai!". Volto. Me ajoelho. "Oi, meu filho. O que foi?". Sou invadido pelo olhar mais profundo que já vi. Penetra meus olhos, vaza meu cérebro, acelera meu coração e flecha de vida minha alma. O relógio para. Até as asas dos menores insetos congelam no ar.
Suas duas mãos pousam carinhosamente sobre minhas bochechas. Num flash, fico na dúvida se miro meu filho ou meu pai. Foram os 3 segundos mais longos da minha vida. Você também está todo ali - os chamados dos colegas pelo seu nome não existem. O mundo desapareceu.
Como se você procurasse algo nesse Universo interno do qual você tem todas as chaves, você mergulha em mim, acendendo luzes nos vales, criando oásis nos desertos. Ao fim, como se o trabalho tivesse terminado, me pergunta: "Você está bem, papai?".
Você não vai embora. Fica. Fica me hipnotizando, me afogando de amor, esperando uma resposta. "Estou bem, filho". Você sorri e vai procurar o escorrega que ficou esquecido.
Você foi embora tão rápido... Não deu tempo de dizer: estou bem por você, graças a você.
Você foi embora tão rápido... Não deu tempo de dizer: muito obrigado!
OBS: desculpe não ter figura neste texto. Procurei uma imagem da alma, mas acho que não existe...
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