Meu filho, não é de hoje que a Ciência Psicológica, notadamente a Psicologia Analítica criada por Carl Gustav Jung (1920), tenta categorizar os seres humanos em Tipos Psicológicos. Mas engana-se quem acha que essa é uma busca nova na História - ao contrário: é multimilenar. Como? Pelas divindades das tradições míticas ou filosóficas - como queira.
Abstração feita da crença religiosa em si, cada deus ou santo pode ser diretamente associado a um arquétipo, um temperamento, um tipo de personalidade. Os filhos ou os protegidos dessas entidades são os que têm sua essência em sintonia com suas atribuições, qualidades e armadilhas. Os conjuntos de deuses são, em realidade, representações da diversidade do próprio gênero humano.
Prova disso é a incrível semelhança que existe entre os diversos panteões das diversas civilizações, quase todas sem contato umas com as outras, indicando sua estreita ligação com as potências humanas e também sua transcendência. Nesse sentido, eles realmente são "deuses": são guias para o autoconhecimento de nossos vícios e virtudes e na atenção na relação com nossos semelhantes. As histórias das mitologias são, em verdade, epopeias das próprias lutas internas dos sentimentos e pensamentos em direção ao progresso.
Para exemplificar - e não por acaso - vou lhe falar sobre uma dessas forças: "Hera" na mitologia grega, "Juno" na romana, "Ísis" na egípcia, "Frigga" na nórdica, "Jaci" na tupi, "Nossa Senhora" no cristianismo ou "Oxum" no candomblé. Representa ela a beleza e a fecundidade. Seus "filhos" demonstram determinação, diplomacia, equilíbrio, discrição, espiritualidade e vontade de proteção dos mais fracos. Mas também tendência ao materialismo, à superficialidade, ao narcisismo, à vaidade e à preguiça. A "mãe lua", como é conhecida na tradição Tupi, é, assim, um eixo de desenvolvimento sobre o qual aqueles que se afinizam com sua figura têm aí um caminho de autoconhecimento e de busca da felicidade.
Não importa se você encara esses entes como seres reais ou não, divindades ou não, aí está uma chave para explorar milhares de anos de História e aplicá-los ao conhecimento do próprio mundo das personalidades. Estudar os panteões é estudar-se como produto de séculos do próprio homem.
Ora, iê, iê, ô!
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