O mundo já passou por diversos períodos de radicalismos, em todas as áreas: o religioso, com a interferência de seitas na vida social e civil; o político, com os governos totalitários; o econômico, com tentativas de manter à força sistemas econômicos fracassados; etc.
Na língua portuguesa, radical é aquele "ligado à raiz", "preso à raiz". Sua imagem, pela própria etimologia da palavra, é, portanto: um vegetal bem pequeno, sem frutos, mas firmemente enraizado em seu próprio cadinho de terra, de ideias, enquanto o mundo se movimenta, gira, troca, evolui.
São características gerais do radical:
- inseguro: quem é seguro da veracidade, da sublimidade de uma ideia, não tenta impô-la - trabalha com argumentos e não com violência;
- surdo: possui grande dificuldade em ouvir, principalmente a ponderação oposta; quando o faz, é sem interesse genuíno, quase com deboche;
- nervosinho: aparenta ter temperamento forte e não raro fala alto, mas sempre de forma contundente. É um disfarce para a insegurança, para evitar ser questionado;
- contrário ao diálogo: foge do diálogo franco porque normalmente sua posição não suporta 5 minutos de argumentos medianamente sólidos. Sua estratégia: desqualificar o oponente, deixando o público acreditar que discutir com ele é perda de tempo.
Você está sendo criado em um celeiro de diálogo franco, de respeito à diversidade, de construção de ideias, de liberdade com responsabilidade. Eu e sua mãe o criamos assim para você porque são valores nos quais nós acreditamos. Mas cuidado: esta não é a realidade do país em que você nasceu.
O radicalismo é filho da vaidade e da preguiça e pai da ignorância.
Por isso, como qualquer país socialmente subdesenvolvido, o Brasil é celeiro ideal para o nascimento dos radicalismos, já que, em geral, aqui se estuda pouco e se tem preguiça de se aprofundar nas questões importantes. Somos formados por "comentaristas de manchetes". Os próprios radicalismos, por sua vez, proliferam a ignorância porque necessitam dela para se criar. É um ciclo vicioso.
Quer ajudar o mundo a se livrar dos radicalismos? Combata em si mesmo qualquer tendência radical, dando espaço e analisando sem preconceito o contraditório e dedique-se a educar a população de alguma forma com foco no espírito crítico saudável para a construção de ideias reais pelas quais valha a pena lutar, com equilíbrio.
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