À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


sábado, 3 de outubro de 2015

Saudade

Meu filho, a palavra "saudade" é uma das mais difíceis de traduzir para outras línguas. Nem as línguas românicas, de mesma raiz latina (italiano, espanhol, romeno, francês) possuem palavra com significado igual. Ela carrega uma ideia igualmente única.


Difícil definir saudade. Saudade é personalíssima. Ninguém sente saudade igual ao outro. Melhor dizer o que não é.
  • Saudade é mais do que sentir falta. Por isso, perante ela, são pobres as expressões "Je te manque" em francês, "I miss you" em inglês ou "Te extraño" em espanhol.
  • Saudade não é nostalgia. A saudade não traz o desejo de viver o passado, mas de vivenciar no presente a essência boa desse passado.
  • Saudade é mais do que sentimento de posse. Por vezes, ela pode até ser vinculada ao oposto: ao altruísmo.

A saudade é capaz de ultrapassar as barreiras do tempo e das imperfeições dos outros para se fixar na essência mesmo daquela pessoa, que ela é capaz de amar. A saudade não esquece os problemas, mas coloca-os num nível de importância menor em relação àquilo de que se tem saudade.

A saudade às vezes nos toma de assalto, outras vezes cozinha lentamente nosso coração. Às vezes ela dói, outras vezes conforta. Ora faz meditar, outras agir, mas sempre incomoda. Não é possível ignorá-la, porque ela tem acesso irrestrito a nós. Ela é parte de nós.

A saudade nos conecta com quem fomos na ocasião de que temos saudade, quem somos hoje e quem seremos no futuro. A saudade nos impulsiona, quando bem utilizada.

Te sugiro, portanto, filho:
  • Respeite a saudade. Ela é uma legítima expressão do amor.
  • Não deixe que a saudade te congele. Ela não foi feita para isso. Deixe que ela te impulsione e faça você agir.
  • A saudade não pode ser contínua. Ela pode te assaltar por segundos, minutos. Se ela se prolongar tempo demais, não é mais saudade - pode ser depressão.
  • Às vezes construir o bem de que se sente saudade em outra situação (com outra pessoa, em outro tempo, etc) faz com que você amenize a saudade, se ela doer.
  • Viva! Construa um presente brilhante para que você tenha do que sentir saudade no futuro.
  • Construa com os outros momentos únicos. O amor genuíno que plantar florescerá em saudade nos corações alheios e essa saudade te conectará para sempre com eles.

Sinto saudade sua porque te amo.

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