À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Reciprocidade

Filho, a palavra "reciprocidade" vem da junção de duas palavras latinas: recus (para trás) e procus (para frente) e indica uma relação bidirecional, uma seta de dupla cabeça, ou "o que vale para lá, vale para cá". Mas até que ponto nossas ações precisam estar condicionadas às dos outros?


A reciprocidade mais conhecida é a diplomática: quando um país exige visto de entrada, taxa, procedimentos de identificação, etc., o outro também o faz. As exigências passam a reger a relação bilateral entre eles e, com isso, entende-se que se estabelece uma espécie de equilíbrio.

Com as pessoas normalmente ocorre o mesmo.

O relacionamento pessoal é regido por um amor de troca, chamado pelos gregos de philos (de onde vem a palavra "filosofia"). "Eu te amo se você me amar", "eu te amo, mas não me decepcione", "eu te amo, mas não pise no meu calo" são expressões comuns que ilustram esse gênero de sentimento. Nesse caso, reciprocidade pode passar a ser dependência e trazer ansiedade e frustração.

Por outro lado, é muito desejável que se construa pirâmides de sentimentos: em cima de duas pedras se pode colocar uma terceira, diferentes das primeiras e mais alta que elas. Com isso se cria, se inova, no campo do coração e das ações. É claro que esse trabalho conjunto depende da reciprocidade (ninguém piramida sobre uma pedra só), mas aqui ela assume caráter de parceria, de colaboração e seu potencial não é mais negativo: ela traz comprometimento, serviço conjunto e realização.

Outra vez, filho: entenda que pode ser bem diferente o que está por trás de um mesmo gesto.

Por fim, se, por um lado, os detalhes de seus relacionamentos podem ter um componente recíproco, tudo o que toca seus valores não deve, porque te trará conflitos íntimos e grande amargura: sua educação não pode depender da educação do outro; da mesma forma sua civilidade, sua honestidade, mesmo sua felicidade. Só quem muda você é você mesmo: não dê ao outro um poder que ele não deve possuir.

Um comentário:

  1. É bem por aí... A gente nunca deve esperar a tal da reciprocidade mas no fundo sempre a esperamos é dai muitas vezes nasce uma frustração...
    Parabéns pelo blog e pela sensibilidade de sempre beijos

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