À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


sábado, 24 de setembro de 2016

Perdoe-se

Meu filho, goste ou não, é inexorável: você vai errar; você vai se enganar; você vai ferir os outros, às vezes muito profundamente; você fará pessoas queridas chorarem; você pode até mesmo fazer isso algum dia por malícia ou até maldade. Igualmente inevitável: você vai se arrepender; você vai se culpar; você será muito mais duro consigo mesmo do que com os outros. Cuidado: você precisará se reconciliar com a sua sombra; você precisará se perdoar.


É importante que você tenha o seu momento de reencontro - por difícil que seja -, que deixe que a dor interna por haver falhado com os outros, com o mundo ou consigo mesmo percorra sua alma, tocando-lhe as feridas. Respeite-o. Não fuja dele de forma alguma. Faça isso em absoluto silêncio. Sozinho. Mas cuidado: não caia na armadilha de prolongá-lo, não cultive o luto, como forma inconsciente de fugir. Não permita que a culpa vire mágoa nem amargura. Ela existe para te impulsionar para cima, não para te atolar onde está.

Você é parcialmente bom e majoritariamente imperfeito. Todos nós somos. Aceite-se em suas virtudes e seus vícios. Não tenha medo de encará-los, de admiti-los a si próprio. Um ato ruim não te torna mau. Um ato mau não te torna irrecuperável. Dentre todas as coisas péssimas que te podem acontecer, a pior delas não é nem praticar um ato mau, é o congelamento, a inércia, a estagnação, é deixar de buscar, deixar de querer, deixar de viver, deixar de ser humano.

Digo ainda a você:
  • Investigue sinceramente sua intenção. Ela é mais importante do que as consequências. Se a intenção foi flagrantemente má, você deve se questionar o motivo e não fazer nada até que ela mude. Caso contrário, siga em frente.
  • Autoperdão não pode ser desculpa para imobilidade. Você precisa ter certeza de que quer melhorar naquele ponto. Se perceber que não, pare aqui até que isso mude.
  • Antes de resolver os ódios externos que gerou, você precisa acabar com seu ódio de si mesmo.
  • Peça desculpas sinceras, se puder. Uma única vez. Depois dela, substitua a palavra pela ação.
  • Repare o erro que cometeu, se puder. Senão, faça o bem equivalente à reparação a outro.
  • Aprenda com os seus erros. Essa sua utilidade. Se se recusar, eles te visitarão mais vezes. 

A luz e a sombra que coexistem em você só conseguem andar para frente de um jeito: de mãos dadas.

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