À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


sábado, 17 de março de 2018

Condução óssea

Meu filho, você já ouviu sua voz gravada? Ela parece bem diferente da que você conhece, não é mesmo? Sabe por quê? Porque parte do que ouvimos de nós mesmos chega aos ouvidos não pelo ar, mas pelo crânio. Isso é chamado de "condução óssea". Beethoven descobriu isso e, mesmo surdo, continuou conseguindo 'ouvir' sua música encostando uma vareta no piano e na própria cabeça. Vários aparelhos auditivos hoje se beneficiam desse fenômeno. Mas por que falo a você dele?


Porque é importante tomar cuidado com o que você fala. A palavra é uma poderosa arma que faz superar obstáculos ou criar enormes abismos entre as pessoas. Felizmente o bom uso da 'transmissão óssea' pode ser muito útil a você.

  • Lembre que quem te ouve não ouve o que você ouve. Confira se a parte da voz que ele recebeu foi suficiente para que entendesse a sua mensagem;
  • Lembre-se que o que você ouve é apenas parte do que o outro disse. Pergunte para preencher as lacunas - não finja entender se ainda tem dúvidas;
  • Ouça-se. A mensagem que você quer transmitir foi fielmente representada pelo conteúdo da sua fala? E pela forma?

Avançando um pouco mais, você perceberá que não é só o crânio que 'esconde' um abismo entre o que falamos para nós mesmos e o que dizemos aos outros. Nossos sentimentos, nossas idiossincrasias, nossos preconceitos, nossa história, também são poderosos componentes de nossas ideias que às vezes não exteriorizamos - e que tornam nossa expressão às vezes incompleta ou mesmo confusa. Se a voz pelo ar não é suficiente para exprimir sua intenção, use outros meios: mímicas, sorrisos, abraços, toques, sendo você 'o mais todo' que puder.

Toda vez que parar para ouvir sua própria voz, pergunte-se: o 'Eu' que você é e que 'fala' de muitas maneiras é visto por você diferente de pelos outros? Você pode ser mais você, ter mais presença? Para pessoas especiais, permita-se ser o piano de Beethoven e abra-se para ser sondado além das palavras.