À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Grupos

Filho, pela diferença de tendências, gostos e mesmo de princípios, vale para as pessoas a mesma lei da Química: "semelhante dissolve semelhante". É assim - pela atração por alguma simpatia - que se formam os grupos de todos os tipos.


Você certamente integrará, desde a escola, algumas sociedades. Até um certo ponto, isso é saudável - permite que você encontre pessoas que têm interesses parecidos com os seus e reforça em você esses pontos que você considera importantes. Mas existe um limite além do qual esse grupo pode ser inútil ou mesmo pernicioso para a comunidade e para você - sua humildade e sua sanidade.

Para ajudar a diagnosticar esse ponto de perigo, deixo a você algumas reflexões em forma de perguntas que você precisará se fazer sempre:
  • Como o grupo vê os que não pertencem a ele? Se for de forma inferior ou apenas sectária ou com rótulos, tome cuidado! O descolamento da realidade é sintoma de alienação.
  • Como são os processos de entrada/permanência/saída? Ele seleciona as pessoas por algum critério estranho aos seus valores pessoais ou mesmo aos princípios alegados pelo grupo? Se sim, não entre. Se entrou, saia.
  • Quanto tempo das reuniões é gasto efetivamente nos objetivos a que se destina o grupo? Se for pouco, considere usar melhor o seu tempo.
  • A sociedade tem alcançado resultados úteis à comunidade em geral ou apenas aos seus membros? Se a resposta for "apenas aos membros", lembre-se de que uma organização egoísta tende a formar homens egoístas.
  • O grupo trabalha para deixar de ser necessário? Parece uma pergunta estranha, mas pense nela. Os grupos verdadeiramente dedicados à melhora geral normalmente trabalham para que a coletividade alcance um grau em algo que o tornará desnecessário, e isso não o incomoda. Os grupos com tendência dominante ou interesses escusos, ao contrário, trabalham para se tornarem indispensáveis.

Não há problema algum com as "panelas" - elas são até necessárias transitoriamente - mas, lembre-se, filho: elas têm que ter a borda baixa - para que se possa entrar/sair, para que se possa enxergar dentro, para que de dentro não se perca a realidade de fora. Entre uma frigideira e um caldeirão, prefira a primeira.

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