À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Lei, justiça e ética

Meu filho, as relações sociais entre indivíduos, grupos e países são reguladas, desde muito tempo, pelas leis. A primeira coisa que é conveniente que saiba: legislação não tem nada a ver com ética. A ética busca a justiça; a lei busca a conformidade.



A ética é a lei da consciência, é o posicionamento de dentro para fora; a legislação é a lei social, é a orientação de fora para dentro. Algumas vezes é possível que sejam coerentes: é coincidência. Leis mudam; valores básicos não. Aliás, o que difere os grandes homens dos medíocres é a capacidade de enxergar a ética acima da lei: os abolicionistas quando a lei permitia a escravidão; os libertários quando impunha a dominação; os pacifistas quando autorizava a violência.

É um traço infalível de sociedades atrasadas a complexidade e a mutabilidade da legislação. É construído um compêndio ininteligível de leis, muitas vezes contraditórias, e que mudam a toda hora, para que, no limite, seja impossível conhecê-las e segui-las todas, de forma que a máquina sempre tenha algo de que te acusar. As comunidades maduras possuem regras simples, claras, diretas e que, via de regra, não mudam. Também é característica de sociedades primitivas a altíssima remuneração à burocracia legal, enquanto o empreendedorismo, a criatividade, a educação e a produção recebem atenção menor. É a seta para o caminho do fracasso. Analise-se com sinceridade: você, em sua atividade profissional, contribuiu efetivamente para um país, uma nação melhor, mais ética? Ou só "roda a roda e se deixa rodar"?

Algumas vezes a lei anda atrás dos costumes, outras à frente. O normal seria que andasse ao lado: sendo puxada pelos visionários e puxando os retardatários no progresso. Quem é ético promove a reforma das leis; quem só é legal é peso morto nessa evolução. Sendo ético você provavelmente fará parte do primeiro grupo: não aguarde o progresso da legislação para fazer e exemplificar o que é certo nas pequenas atitudes diárias. Viu algo que pode ajudar na vida social? Comece fazendo. Cada ação ética consciente gera uma onda em torno dela que contagia e propaga. Experimente!

Ética é sua atitude quando ninguém (exceto você) está olhando. Se você não mata alguém com medo de ser preso, você só é inteligente de não querer passar a vida recluso; se você não mata ninguém por convicção íntima, você é ético e não há lei que o obrigue a deixar de sê-lo.

Lembre-se: fazer o que é certo por medo da punição não é fazer o que é certo, é ter medo da punição. Tenha mais receio de quem faz o certo por medo do que o errado por convicção. O segundo pode ser convencido e se tornará, com a mesma força, ético. O caminho do primeiro é mais longo, porque ele ainda não desenvolveu a força em si de fazer o que quer que seja.

Não siga apenas a lei. Seja ético e, com isso, ajude a construir um mundo mais justo, ajudando a mudá-la para melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário