Há basicamente três tipos de calendários: os solares (como o gregoriano e o persa), os lunares (como o islâmico) e os lunissolares (como o judaico e o chinês). Todos eles, portanto, se baseiam nos movimentos relativos dos astros. Nos calendários solares e lunissolares, o ano é marcado por uma volta completa da Terra em torno do Sol. Se é apenas um fenômeno astronômico recorrente, por que tanta festa no Ano Novo?
Guarde o que vou te dizer como regra geral: nunca analise os comportamentos humanos reduzindo-os à sua fundamentação física, histórica ou orgânica. No complexo da alma humana, há meandros que escapam ao objetivo-racional, tal como disse o grande matemático Pascal no século XVII: "O coração tem razões que a própria razão desconhece". O Ano Novo não seria uma exceção.
As pessoas têm a tendência de, com a rotina, se deixarem absorver pelas tarefas cotidianas, matando, silenciosamente, sua capacidade de inovação, sua criatividade, mesmo sua esperança e vontade de viver. É preciso criar marcos que nos lembrem da necessidade de renovação.
Isso é especialmente verdade quando um novo ano se inicia: é como se tivéssemos a chance de fazer diferente aquilo de que nos arrependemos ou no que nos omitimos. Há ainda um agravante: mais velhos e com mais experiência, nos damos menos chance de errar de novo.
Aproveite, portanto, meu filho, essa vontade, essa tendência de reavaliação, de renovação, de reflexão, que está "no ar" nessa época e deixe nascer, no silêncio do recolhimento útil, em sua disposição íntima, também um Ano Novo. Se puder, depois, faça isso todo mês, toda semana, todo dia. Quanto mais se reinventar, melhor você será, mais feliz, mais realizado.
Feliz Ano Novo, meu amor.