À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A onda (de Tahr)

Meu filho, você sabe que quando jogamos uma pedrinha em águas calmas são criadas ondas concêntricas que se espalham ao infinito. É apenas uma amostra do poder de uma onda: dependendo da frequência e da força com que é gerada, ela pode abalar prédios, cidades, planetas.


Em 1972 uma foto ficou muito famosa no mundo: uma menina de 9 anos fugindo de seu vilarejo no Vietnã após um bombardeio de napalm, uma covarde arma química que provoca queimaduras no corpo. Dizem que esta foto ajudou a encerrar a guerra.


Hoje em dia, redes sociais criaram uma espécie de "lago", interconectando as pessoas no mundo inteiro. E as águas do comodismo estavam tranquilas demais. A foto de nosso amiguinho Tahr foi a pedra arremessada nesse lago.

Não são mais os governos que se reúnem para decidir agir, são as pessoas, elas próprias, que tomam para si a responsabilidade e fazem, hoje, agora, levando os organismos oficiais a reboque.

Em poucos dias:
  • o primeiro ministro da Finlândia abriu sua própria casa de campo aos refugiados
  • centenas de alemães voluntários se posicionaram nas estações de Frankfurt e Munique para receber centenas de imigrantes com cartazes de "bem-vindos"
  • alemães e austríacos pegaram seus carros e cruzaram a fronteira para resgatar as pessoas
  • o papa mandou que todas as igrejas da Europa passassem a abrigar refugiados
  • a Marinha deslocou uma corveta brasileira e resgatou mais de 200 pessoas
  • times de futebol europeus passaram a arrecadar dinheiro para ajudarem os imigrantes
  • os Médicos Sem Fronteiras criaram uma força-tarefa de atendimento aos refugiados

E quantas outras coisas ainda virão, filho?

A poderosa onda de solidariedade não ajudará apenas aos que fogem do terror, mas poderá ter destruído outra onda devastadora que poderia estar nascendo, de xenofobia de um lado e aversão à Europa de outro, que poderia levar a uma enorme e destruidora guerra.

O amor destrói a multidão dos ódios. Faça o bem, filho, ele sempre cria ondas cujo alcance você jamais poderá imaginar, como a pedra não tem ideia da folha que movimentou quilômetros depois.

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