À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal

Meu filho, acredita-se que Jesus possivelmente nasceu em abril, durante a primavera no hemisfério norte, pelas narrativas contidas nos evangelhos (por exemplo: pastores vigiando seu rebanho à noite, o que seria impossível na região de Belém no inverno). Por que então, desde o século IV, comemora-se essa data no dia 25 de dezembro? Qual o seu significado real?


Por volta de 22 de dezembro, o Sol está em seu ponto mais afastado do hemisfério norte - é o solstício de inverno. Para pedir que o calor do Sol voltasse e ele não se distanciasse mais, os pagãos criaram o festival do Sol Invicto, mais ou menos nessa época (25 de dezembro). Era uma festa muitíssimo popular quando a igreja cristã nascente ainda tentava se estabelecer (normalmente pela força) com Constantino no antigo Império Romano. Para que não houvesse muita rejeição à nova religião oficial, institucionalizou-se que Jesus teria nascido exatamente nessa data, sendo ele identificado logo com o deus-sol,  que regia as festividades.

Por incrível que pareça, será nas celebrações pagãs originais, em seu sentido simbólico, que encontraremos oculta a essência do Natal - muito mais do que em presentes comerciais, Papai Noel ou comilanças de toda sorte. E isso independente de ser cristão ou não, ser religioso ou não, acreditar na figura humana ou mística do Cristo ou não.

Instituímos que uma vez por ano nos lembramos, quando o "frio" está em seu auge, que precisamos nos lembrar do "Sol". Absorvidos pelas necessidades da vida cotidiana, nosso foco normalmente se concentra mais na sobrevivência do que na transcendência, no sentido da melhora íntima, integral, racional e emocional. É preciso, portanto, que nos imponhamos marcos, despertadores constantes, que nos forcem a quebrar o ritmo descendente da rotina implosiva e nos arranquem da visão hipnótica de volta à nossa trajetória para o alto de nós mesmos. Esse momento é o Sol Invicto - o brilho que adormece em nosso íntimo, mas que jamais é vencido; que se afasta, mas retorna; que precisa ser relembrado, cultuado, redespertado, para que nos lembremos que somos humanos.

Não foi justamente essa a missão histórica de Jesus? O que ele fez por um povo degradado em si próprio, esquecido dos próprios valores, nós podemos fazer por nós. Para isso, comemoramos o Natal, o Sol Invicto que deve continuar a resplandecer em nós.

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