À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Pequenos delitos

Meu filho, na década de 1990, o então prefeito da cidade de Nova Iorque, nos EUA, implantou o que chamou de "tolerância zero" com os criminosos. Passou a punir com o rigor da lei as pequenas contravenções e a taxa de criminalidade (incluindo crimes graves) na cidade caiu drasticamente. Que relação existe entre esses "pequenos delitos" e os grandes crimes?


A transgressão à lei pode acontecer por diversos motivos. Alguns nobres, a maior parte não.

A desobediência civil é um ato consciente de desobediência a uma lei injusta que tem por finalidade pressionar por mudanças na situação social de um povo. Foi utilizada por Gandhi para libertar a Índia, de forma pacífica, da Inglaterra. Ela tem algumas características que a distinguem facilmente:
  • O benefício não é pessoal, mas coletivo.
  • Os motivos são claramente expostos, de forma transparente.
  • Há aceitação silenciosa das punições decorrentes do desvio.

Com seres mais primitivos, os delitos têm características opostas: benefício pessoal e fuga das consequências. O que se descobriu é que o mesmo malandro que hoje anda pelo acostamento, frauda o imposto de renda, bebe e dirige, tenta subornar ou se deixa subornar, é o que amanhã terá maior chance de desviar dinheiro público, de violentar ou até matar alguém.

Não significa que não haja apenas os espertinhos que querem se dar bem nas pequenas coisas mas não serão jamais bandidos grandes. Claro que existem. Mas o contrário, aparentemente, não é verdade. A maior parte dos bandidos começa "por baixo", cometendo pequenos atos infracionais. A ideia é que, combatendo na base, você inibe o malandro e corta as asas do futuro bandido. Funcionou.

O que isso tem a ver com você? Tudo. Todos nós trazemos pendores bons e maus. A infância é a época de valorizar os bons e corrigir os maus. E eles aparecem na forma sutil de coisas normalmente tidas como "normais" - os "pequenos delitos".

Como seu pai, eu estarei atento aos sinais, porque sei que é no brinquedo que a criança traz na mochila e que não é dela, é na mentira que ela conta sobre não ter tido aula, é no maltrato para com o coleguinha, que residem os gérmens  dos desvios de caráter que ela pode apresentar no futuro, quando será tarde demais para corrigi-los por completo.

Você também deve estar atento, meu filho, com seus amigos. Ser amigo não é rir de pequenos delitos - é avisar com carinho para ajudar, você também, a não proliferar uma sociedade corrupta, que tanto mal faz a nossa humanidade.

E se algum dia você surpreender seu pai em um ato, mesmo pequeno, errado, fale. Fale com amor, sem tom acusatório, mas mostre, não se cale. Seu pai também erra. Nos ajudando construiremos um mundo melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário