À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Terrorismo

Meu filho, toda vez que há a imposição do medo, da violência física ou psicológica, como arma de luta política, diz-se que há terrorismo. Por que ainda convivemos com ações desse tipo? É possível atribuir-lhes alguma causa? O que podemos fazer para contribuir para sua extinção?


Já te disse: não existe ação injustificada. Não significa que ela seja justa, boa, verdadeira ou lógica. Apenas que tem algum sentido, por mais torto que seja, para quem faz. O cérebro humano rejeita situações com ausência de causa/efeito, mesmo que sejam ilusórias. Significa dizer que para todo ato de terrorismo existe uma linha causal. Primeiro conselho: na sua análise, siga essa linha, por mais repugnante que lhe pareça. É a melhor chance que você terá para começar a entender a cabeça de quem se dispõe a cometer essas atrocidades.

O mundo tem sofrido recentemente com vários desses atos terroristas, em especial envolvendo ataques suicidas. Em 2001, o conhecido 11 de setembro em que aviões foram jogados contra as torres gêmeas de Nova Iorque; agora, em 2015, uma série de ataques de homens-bomba em vários lugares na África, no Oriente Médio e na Europa. Mas o que eles têm em comum?

O que é solo fértil para o desenvolvimento do pensamento terrorista? Existem basicamente 4 pilares:
  • A opressão humilhante: em especial os povos do Oriente Médio e da África têm sido submetidos, na História, a situações degradantes de vida, ora por seus próprios dirigentes, ora por financiamento do Ocidente com vistas à exploração de seus recursos naturais e mão-de-obra barata. Essa situação continuada gera a massa ideal para a revolta.
  • A ignorância profunda: normalmente sustentada pelo interesse escuso, que impede a população de analisar as situações e propor soluções que passam por depor os políticos opressores.
  • O radicalismo ideológico: a má interpretação religiosa ou social leva à radicalização das posições, fazendo crer viável um caminho torto e uma lógica deturpada.
  • A liderança mal-intencionada: é a faísca do processo. Aproveitando-se de uma combinação dos itens acima, um ser mal-intencionado ou louco lidera a população para a prática do terrorismo.

É importante ter cuidado ao julgar. Não existe vítima sem algoz, mas o algoz de hoje pode ter sido a vítima de ontem. Matar sua família de fome por ganância de exploração de seu país também não é uma forma de terrorismo? Financiar governos corruptos e ditatoriais que massacram a própria população em troca de dinheiro não é uma forma de terrorismo? Todas as grandes potências de hoje fizeram isso não há muito tempo com alguns dos países de onde estão saindo os homens-bomba. Não haveria aí uma relação de causa e efeito - que não justifica, mas explica, em parte, o terrorismo?

O terrosismo, filho, só se torna opção quando a própria vida perde o seu valor. É uma situação extrema e degradante. Combater o terrorismo, então, é:
  • Impedir que ele ocorra, com o uso da força, se necessário. Isso combate a consequência. Isso normalmente é feito. O simplismo e o interesse também alimentam a indústria da guerra.
  • Remediar as causas, algumas profundas, para cortar-lhe a raiz e esterilizar-lhe o solo. Isso normalmente é esquecido. Dá mais trabalho, mas é o único caminho duradouro.

Não seja mais um a analisar essas delicadas situações de forma superficial. Faça diferente. A construção de um mundo melhor não é apenas trabalho de apagar incêndio (ele tem que ser apagado): passa pela ação educativa, humana, de longo prazo. O terrorismo até pode ser sufocado temporariamente pela ação da força, mas só desaparecerá quando houver espaço para a verdadeira fraternidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário