À guisa de introdução


Este é um espaço de coleção de pensamentos para meu filho Antonio.

Categorizei as postagens por fase da vida em que imagino que serão úteis a ele, divididas em períodos de 7 anos. Assim, onde estiver marcado "1setenio" são para de 0 a 7 anos, "2setenio" para 7 a 14, e assim por diante.


domingo, 18 de setembro de 2016

Símbolos

Filho, antigamente, na Grécia, quando dois amigos ou amores se separavam, quebravam uma moeda, um anel ou uma concha ao meio e cada um ficava com uma metade como forma de, olhando a parte visível, lembrarem sempre da parte invisível, que havia ficado longe. Esse é o símbolo (symbolon) que, etimologicamente, significa "aquilo que foi lançado junto". Usamos e abusamos dos símbolos, mas nem sempre lhes damos a atenção que eles merecem.


Você não precisa recorrer ao esoterismo para ter acesso a símbolos importantes. Pelo contrário, os principais e mais relevantes vão te encontrar no seu dia-a-dia. Em primeiro lugar, a esmagadora maioria das comunicações entre as pessoas é, na verdade, simbólica, ou seja, não expressa verbalmente, por escrito, etc. Conscientes ou inconscientes, são as movimentações do corpo, em especial das mãos e da face, com destaque aos olhos, que são cheios de invisível por trás do visível. Quem presta atenção no não-dito entende muito melhor o que é dito.

Outra vertente são os sonhos, que normalmente são simbólicos, porque pela janela da memória não passam percepções estranhas à realidade objetiva, então "empacotamos" (ou "empacotam" para nós) as vivências em "envelopes" que temos mais chance de "receber", sem muita deturpação, quando acordarmos. Com isso, criamos outro problema: interpretar as mensagens, fase que pode gerar alguma confusão. Tenha muita cautela para quem contar seus sonhos por completo - a imensa maioria das pessoas não será capaz de tratá-los com o respeito que merecem. Ao invés disso, tente extrair deles você mesmo a mensagem simbólica e, com cuidado, utilize-a para buscar ajudar.

Todos os símbolos são sinais. Preciso alertá-lo, portanto, para que:
  • Não seja tragado pelo símbolo. Não confunda o símbolo (visível / acessível) com o objeto que ele representa (invisível / inacessível). O símbolo é uma metáfora concreta, serve para obter linhas gerais da "parte faltante", mas não o submeta a uma análise pormenorizada como se estivesse de posse da figura completa. Você vai chegar a conclusões que extrapolam a realidade e isso pode ser perigoso.
  • Quando você estiver recebendo uma figura simbólica (por sonho, por narrativa, fisicamente, não importa), atente aos detalhes esquisitos - aqueles que saltam aos olhos além do que seria esperado. É a forma codificada de chamar atenção a uma parte importante da mensagem: cores muito fortes ou muito diferentes do usual, dimensões desproporcionais, repetições de palavras ou expressões, exageros teatrais de expressões corporais e faciais, animais ou seres estranhos, ações ou cenas de picos emocionais ultra-intensos, etc.
  • Separe a narrativa da interpretação quando for transmitir o símbolo. Num primeiro momento, descreva sem comentários, faça uma leitura técnica, adie o julgamento. Depois de haver perscrutado todas minúcias e formado o quadro, você pode comentar. Por honestidade, deixe claro quando parou de ser mensageiro e quando começou a ser agente ativo na leitura do símbolo.
  • Cuidado com as opiniões de quem não consegue ter pensamento simbólico e confia apenas no que é visível para tirar suas conclusões. É um leitor parcial. Não se deixe contaminar.

Por fim, nem toda realidade completa pode ser representada ou compreendida, de forma que o símbolo é ainda necessário. Conhecê-lo é como segurar a metade da moeda partida e, dela, buscar a outra, inacessível às mãos. É um exercício para toda a vida: execute-o com honestidade e perseverança e as metades perdidas ficarão, cada vez mais, compreensíveis a você.

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